Em Macau, Com Saudades de Casa

 

Macau, o antigo enclave português na costa da China, é um lugar que sempre me despertou curiosidade. A princípio, eu a imaginava como uma terra distante onde todo mundo falava português e ouvia fado. Durante um tempo, cheguei até a procurar na internet fotos e o que visitar em Macau. Isso porque eu sabia que, indo à China, teria que incluir no meu roteiro esta cidade, que esteve sob o controle de Lisboa até 1999, quando foi devolvida ao país.

Quando este que vos escreve enfim visitou o país que é hoje a segunda maior potência mundial, aquela curiosidade pela antiga colônia lusitana ainda estava presente. Porém eu já aceitava o fato de que Macau era chinesa em todos os sentidos e que quase ninguém fala português. Até o momento em que foi à parte mais antiga da cidade. Um dos primeiros locais que visitei foi o Jardim Luís de Camões.

Ao passar pelo portão do parque, foi praticamente como chegar numa das cidades históricas brasileiras. Quase tudo ali me lembrava partes de Ouro Preto, Mariana e Tiradentes. Até algumas das plantas e árvores, algumas trepadeiras, outras com seus galhos abertos, oferecendo a sombra perfeita para os dias de calor, eram as mesmas que se vê em algumas pracinhas em Tiradentes-MG.

Foi amor à primeira vista!

Não que eu ache que a gente deva viajar a lugares que nos pareçam familiares. Muito pelo contrário. Mas a familiaridade me deixou muito surpreso. No Jardim pode-se até ver estrofes de sonetos de Camões. Como já morava fora do país, tudo isso me deixou com saudades. Saudades do Brasil e também de Portugal, mesmo ainda não conhecendo o país.

Depois fui visitar a antiga igreja de São Paulo, que foi totalmente destruída por um incêndio em 1835, exceto pela sua rica fachada, que é hoje o principal cartão postal da cidade. Caminhando entre turistas chineses e alguns poucos ocidentais, fiquei imaginando como era esse imenso templo da igreja católica antes do incidente.

Dali fui à praça do Senado, outro lugar onde a arquitetura colonial portuguesa é o grande atrativo. Casinhas e casarões, palácios, pharmacia (com ph mesmo!) e, por fim, calçadas com pedras portuguesas, mantiveram as lembranças de Ouro Preto, que visitei muito no meu período universitário. Mas também me remeteram a Lisboa. Mesmo sem até então conhecer Portugal.